Movimento Integralista Brasileiro ( RESUMO)
O Integralismo é um movimento que surge no Brasil num
período de transição causada pela insatisfação com a revolução de 30; “Se a
revolução de 30 falhou o que vamos fazer? As livrarias do Brasil naquela época
tinham balcões só com livros fascistas e outros só com livros de esquerda [...]
Esse movimento não é obra de um único autor, surge dentro de
um contexto no qual Hélgio Trindade explicita em seu livro “ Integralismo ( o
fascismo brasileiro na década de 30) é no segundo capítulo desta obra “ A
ascensão das ideias autoritárias em 1930 e o nacionalismo do integralismo” que
o autor discorre sobre as circunstâncias da fundação do movimento integralista,
como por exemplo a literatura antiliberal, que tinha como inspiração os modelos
autoritários europeus essa literatura também tinha influências como Oliveira
Viana, Azevedo Amaral e Alberto Torres que eram autores que defendiam uma
reformulação do sistema político de modo antiliberal, os movimentos políticos
autoritários como exemplo a Ação Social Brasileira (Partido Nacional Fascista)
a Legião Cearense do Trabalho o Partido Nacional Sindicalista e a Ação Imperial
Patrionovista que tinham como características principais o sentimento de
endireitar o Brasil, o desenvolvimento industrial, a educação moral e mental do
povo, além de uma busca por integração do país no sentido de homogeneização
contra o regime federativo, outra semelhança entres esses grupos é o caráter
hierárquicos dentro da organização interna além da uniformidade que era
expressa nas vestimentas padronizadas.
Ainda sobre o caráter
desses movimentos, A Legião que era um
dos grupos mais expressivos era marcadamente antiliberal e apelava em seu
discurso ao “popular” a Legião assim como outros grupos antes citados tinham
uma preocupação com a questão trabalhista por isso propunha a implantação de
contratos coletivos em que deveriam ser fixados as condições básicas de trabalho
como: carga horaria, salario, repouso dominical e etc. Além disso havia também
a questão de um tribunal trabalhista um intermediador nas negociações entre
empregador e empregado.
Os valores morais cristãos e corporativista está presente
também na ideologia desses movimentos, uma luta em favor de uma ordem social
que traga a tona um verdadeiro humanismo subordinando aos valores morais. Estes
movimentos eram contra a ideia individualista, propunham uma sociedade
harmoniosa onde as classes seriam colaborativas, haveria um novo equilíbrio
através da revolução integralista. Apesar de uma inspiração nas ideias
fascistas europeias, a certas originalidades no fascismo europeu como por
exemplo se no fascismo italiano o fato precedeu a doutrina no brasil aconteceu
o inverso pois a ação integralista estava apoiada em uma ideologia baseada na
concepção do homem e do universo que surgiu justamente antes com todos esses
movimentos que tinham uma produção político-literária que defendiam a renovação
do país e afirmavam a falência da democracia e o descrédito do liberalismo,
Olbiano um dos autores dessa ideologia se declara favorável a uma ditadura
orgânica, ou seja, ideológica que, como meio levasse o povo a um fim
previamente programado. Nunca porém uma ditadura caudilhesca sem rumo e sem
justificativa. Sebastião Pagano caracteriza o Estado Integralista: “ Se o
Estado deve integralmente satisfazer essa necessidade, essa finalidade social
humana, um Estado perfeitamente aparelhado
chama-se Estado Integralista, por
oposição ao Estado que por defeito deixa de atender as necessidades do homem em
sociedade na tendência por seu legítimo fim.” Caracterizando assim esse Estado
como um conjunto orgânico, nacional, hierarquizado e harmônico.
Por fim o autor discorre sobre a trajetória de ascensão da
Ação Integralista. Que surge com Plínio Salgado como líder a partir de outubro
de 1932, O AIB é o principal partido de extrema-direita fascista dos anos 30.
Salgado afirmava que para o movimento se firmar era necessário uma infraestrutura
ideológica, a S.E.P nesse sentido foi centro da reflexão ideológica de onde
nasce o manifesto integralista, ela organizava-se em comissões de estudos de
diversas áreas como geografia, história, medicina social, sociologia, religião,
pedagógica e etc. Os princípios da S.E.P que eram próximos do manifesto
integralista eram:
“ — Somos pela unidade da
nação; b — Somos pela expressão de todas as suas forças produtoras no Estado; c
— Somos pela implantação do princípio de autoridade, desde que ele traduza
forças reais e diretas dos agentes da produção material, intelectual e da
expressão moral do nosso povo; d — Somos pela consulta das tradições históricas
e das circunstâncias geográficas, climatéricas e econômicas que distinguem
nosso país; e — Somos por um programa de coordenação de todas as classes
produtoras; f — Somos por um ideal de justiça humana, que realize o máximo de
aproveitamento dos meios de produção, em benefício de todos, sem atentar contra
o princípio da propriedade, ameaçado tanto pelo socialismo, como pelo
democratismo, nas expansões que aquele dá à coletividade e este ao indivíduo; g
— Somos contrários a toda a tirania exercida pelo Estado contra o indivíduo e
as suas projeções morais; somos contra a tirania dos indivíduos contra a ação do
Estado e os superiores interesses da nação; h — Somos contrários a todas as
doutrinas que pretendem criar privilégios de raças, de classes, de indivíduos,
grupos financeiros ou partidários, mantenedores de oligarquias econômicas ou
políticas; i — Somos pela afirmação do pensamento político brasileiro baseado nas realidades da
terra, nas circunstâncias do mundo contemporâneo, nas superiores finalidades do
homem e no aproveitamento das conquistas científicas e técnicas do nosso
século.”
Segundo os autores desse movimento, o integralismo deve ser
efetuado em todos os Estados brasileiros sobre três bases : a base geográfica (do
município) a base econômica social (a de classe) e a moral que era acerca (da
tradição religiosa e patriarcal). Hélgio Trindade afirma que o estudo da
ideologia integralista supõe a analise sistemática de cinco níveis principais
1. Os fundamentos doutrinários da ideologia integralista 2. As características
da organização social e a política do Estado integral 3. A definição dos
adversários 4. A posição dos teóricos integralistas comparados aos europeus
5. A análise das atitudes ideológicas
dos militantes.
Creio que uma das características mais interessantes é o
caráter nacionalista desse movimento que baseava-se mais em um aspecto cultural
que procurava “valorizar do Brasil” uma valorização da cultura brasileira
contra o cosmopolitismo do EUA, isso também estava relacionado aos inimigos
declarados do integralismo: o capitalismo, o liberalismo, o comunismo e os
judeus. O Integralismo também tinha uma ambição imperialista de esse estender a
América Latina.
O Cristianismo era muito presente nessa ideologia em
diversos trechos os autores colocam que Deus dirige os destinos dos povos e uma
valorização da família:
“Deus dirige os
destinos dos povos. O Homem deve praticar sobre a terra as virtudes que o
elevam e o aperfeiçoam. O homem vale pelo trabalho, pelo sacrifício em favor da
Família, da Pátria e da Sociedade. Vale pelo estudo, pela inteligência, pela
honestidade, pelo progresso nas ciências, nas artes, na capacidade técnica,
tendo por fim o bem-estar da Nação e o elevamento moral das pessoas. A riqueza
é bem passageiro, que não engrandece ninguém, desde que não sejam cumpridos
pelos seus detentores os deveres que rigorosamente impõe, para com a Sociedade
e a Pátria. Todos podem e devem viver em harmonia, uns respeitando e estimando
os outros, cada qual distinguindo-se nas suas aptidões, pois cada homem tem uma
vocação própria e é o conjunto dessas vocações que realiza a grandeza da Nacionalidade
e a felicidade social.”
Os teóricos do integralismo concordam que o objetivo
principal do movimento é a implementação do Estado Integral. A ideia central é
a que a revolução integralista realiza-se através da transformação do Estado.
Sobre a ideia que esses movimentos tem sobre o
corporativismo e o Brasil no Manifesto os teóricos explicitam:
“A Nação
Brasileira deve ser organizada, una, indivisível, forte, poderosa, rica,
próspera e feliz. Para isso precisamos de que todos os brasileiros estejam
unidos. Mas o Brasil não pode realizar a união intima e perfeita de seus
filhos, enquanto existirem Estados dentro do Estado, partidos políticos
fracionando a Nação, classes lutando contra classes, indivíduos isolados,
exercendo a ação pessoal nas decisões do governo; enfim todo e qualquer
processo de divisão do povo brasileiro. Por isso, a Nação precisa de
organizar-se em classes profissionais. Cada brasileiro se inscreverá na sua
classe. Essas classes elegem, cada uma de per si, seus representantes nas Câmaras
Municipais, nos Congressos Provinciais e nos Congressos Gerais. Os eleitos para
as Câmaras Municipais elegem o seu presidente e o prefeito. Os eleitos para os
congressos Provinciais elegem o governador da Província. Os eleitos para os
Congressos Nacionais elegem o Chefe da Nação, perante o qual respondem os
ministros de sua livre escolha.”
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