Cultura e Sociedade - Raymond Williams




Título da Obra: Cultura e Sociedade
Autor: Raymond Williams
Editor: Vozes 
Tradução: Vera Joscelyne
Lugar: Petrópolis- RJ
Data: 2011
Seção do livro: Prefácio / Prefácio à edição de 1987 / Introdução
Resumo: O autor inicia essa obra afirmando que o princípio organizador do 
livro é a descoberta da ideia e a própria palavra cultura. Com o objetivo de 
pesquisar a tradição que a palavra “cultura” descreve, considerando a teoria da 
cultura como também uma teoria das relações entre elementos em todo um 
modo de vida, ou seja, examinar a ideia de cultura em expansão juntos a seus 
processos detalhados. Partindo principalmente da Inglaterra e sua literatura o 
autor mostra que o nascimento de alguns significados de palavras não estavam 
dissociados de seu contexto histórico e cita algumas dessas: Indústria, 
democracia, classe, arte e cultura. A mudança nos significados dessas 
palavras estão associadas a mudanças contextuais. Para Raymond, cultura é 
uma das mais importantes palavras, afirmando que o conceito de cultura surgiu 
em seu sentido moderno à época da Revolução Industrial, a palavra cultura na 
visão do autor abrange melhor que qualquer outra as relações entre mudanças 
contextuais e mudanças na linguagem e seu propósito, através também de um 
estudo sobre a linguagem, é descrever e analisar esse complexo em sua 
formação histórica. Findando sua argumentação Raymond afirma que nos 
casos em que cultura significou um estado ou hábito da mente, ou o corpo de 
atividades intelectuais e morais, ela hoje também significa também todo um 
modo de vida. Esse desenvolvimento, como cada um dos significados originais 
e as relações entre esses não é acidental e sim profundamente significante, 
creio que dessa forma o autor esteja em busca da construção histórica das 
significações do conceito de cultura.
Conceito esse que dentro da teoria antropológica tem papel fundante e está 
sempre a ser mudado e caracterizado, seja por Clifford Geertz, Eric Wolf, 
Marylin Strathern, Lévi-Strauss ou Roque Laraia, a mudança da percepção do 
que é cultura na visão desses autores corresponde ao contexto histórico a qual 
estão imersos.
FICHAMENTO
“Nas últimas décadas do século XVII e na primeira metade do século XIX, um número 
de palavras que hoje são de importância capital surgiram pela primeira vez no inglês 
comum, ou, nos casos em que já tinha sido usadas normalmente no idioma adquiriram 
significados novos e importantes. Há, com efeito, um padrão geral de mudanças nessas 
palavras e isso pode ser utilizado com um tipo especial de mapa pelo qual é possível 
examinar uma vez mais aquelas mudanças mais amplas na vida e no pensamento às 
quais evidentemente se referem as mudanças no idioma.” (p.15)
“Cinco palavras são os pontos-chave a partir dos quais esse mapa pode ser desenhado. 
São elas indústria, democracia, classe, arte, e cultura. A importância dessas palavras, na 
nossa estrutura moderna de significados, é óbvia. As mudanças em seu uso, naquele 
período crítico, revelam uma mudança geral nas nossas características de pensar sobre a 
vida comum: sobre os objetivos que essas instituições e os objetivos das nossas 
atividades no aprendizado, na educação e nas artes.” (p.15)
“A quinta palavra, cultura, muda da mesma maneira e no mesmo período crítico. Antes 
desse período ela significava, primordialmente, a “tendência a crescimento natural” e 
depois, por analogia, um processo de treinamento humano. Mas esse último uso, que 
tinha normalmente sido uma cultura de algo, foi modificado, no século XIX, para a 
cultura como tal, uma coisa em si mesma. Veio a significar, primeiramente, “um estado 
geral ou hábito da mente” tendo relações muito próximas com a ideia de perfeição 
humana. Segundo, passou a significar “uma situação geral de desenvolvimento 
intelectual em uma sociedade como um todo”. Terceiro, passou a significar “o corpo 
geral das artes”, E quarto, já mais tarde nesse mesmo século, passou a significar “todo 
mundo um modo de vida, material, intelectual, e espiritual”. Como bem sabemos 
também veio a ser uma palavra que muitas vezes provoca hostilidade ou 
constrangimento.” (p.18)
“O desenvolvimentos da palavra cultura talvez seja o mais surpreendente entre todas as 
palavras mencionadas, Poderíamos dizer, aliás, que as questões que hoje se concentram 
nos significados da palavra cultura são questões diretamente produzidas pelas grandes 
mudanças históricas que as mudanças em indústria, em democracia, e em classe, cada 
uma em seu modo, representam e com as quais as mudanças em arte são uma resposta 
intimamente relacionada. O desenvolvimento da palavra cultura é um registro de um 
número de reações importantes e permanentes a essas mudanças em nossa vida social, 
econômica e política, e pode ser visto, ele mesmo como um tipo especial de mapa por 
meio do qual a natureza das mudanças pode ser explorada.” (P.18 e 19)
“A palavra que mais que qualquer outra abrange essas relações é cultura, com toda sua 
complexidade de ideia e referência. Meu propósito geral no livro é descrever e analisar 
esse complexo e explicar sua formação histórica. Em virtude da própria abrangência da 
referência é necessário, no entanto, estabelecer a investigação desde o princípio sobre 
uma base ampla. Originalmente eu pretendia me manter muito próximo da própria 
cultura, quanto mais detalhado era meu exame no termo, tanto mais amplos meus
termos de referência tinha de ser. Pois aquilo vejo na história dessa palavra, em sua 
estrutura de significados, é um movimento amplo e geral no pensamento e nos 
sentimentos. Minha esperança é mostra esse movimento em detalhe. Em suma, quero 
mostrar a emergência da cultura como uma abstração e um absoluto: uma emergência 
que, de uma maneira muito complexa, funde duas respostas gerais, primeiro, o 
reconhecimento da separação prática de certas atividades morais e intelectuais do 
ímpeto propulsor de um novo tipo de sociedade; segundo, a ênfase dessas atividades, 
como um tribunal de recursos, deve ser estabelecida por sobre processos de juízo social 
prática e ainda sim se oferecer como uma alternativa mitigadora e 
arregimentadora”(p.19 e 20)

Comentários

Postagens mais visitadas